ELEIÇÕES ANTIRRACISTAS, SIM! Suelen Aires Gonçalves
Socióloga e professora universitáriastyle="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever">
Nesta coluna semanal estamos apresentando o tema das "Eleições Antirracistas" desde a consulta aberta ao Superior Tribunal Federal (TSE) pela Deputada Federal Benedita da Silva (PT/RJ) que versava sobre tempo de TV/rádio e fundo eleitoral proporcional para candidaturas negras no Brasil. A consulta foi acolhida ainda no primeiro semestre e voltada em 25 de agosto e consideramos uma vitória histórica do movimento social negro. Neste momento da votação, foi apresentado que só teria validade para as eleições de 2022, porém, houveram alterações durante o período.
O ministro Lewandowski determinou a aplicação já nas eleições de 2020, ou seja, imediatamente com o calendário eleitoral em andamento. A decisão foi feita de forma individual e foi sinalizado que o plenário do STF poderia julgar ainda em plenário a decisão.
Tal avanço é uma conquista histórica por si só, mas temos muitas questões para refletir.
Nosso país tem 520 anos de história, sendo que mais de 388 anos vivemos sob o regime colonial e escravocrata. Ainda vivemos as consequências sociais, econômicas e política de mais de cinco séculos de violências das mais diversas formas, das desigualdades de gênero, de raça e de classe. Tais estruturas de desigualdades tem como base a nossa história escravocrata e precisamos avançar para uma sociedade mais justa.
VIDAS NEGRAS IMPORTAM
Nosso país tem 520 anos de história, sendo que mais de 388 anos vivemos sob o regime colonial e escravocrata. Neste sentido, pensar esse momento histórico como uma janela de oportunidades é algo importante para de alguma forma movimentar essas estruturas de desigualdade. Uma série de iniciativas seriam interessantes para a construção de uma nova forma de construir uma sociedade mais justa, onde as representações sociais e políticas possam exercer seu protagonismo. Como por exemplo, fomentar a entrada de mulheres negras nos espaços de poder e de decisão, criar as condições para que todos os partidos de fato implementam a política em suas candidaturas, além, de ter um compromisso com a defesa de políticas públicas antirracistas, a médio e longo prazo.
O ano de 2020 foi marcado por uma pandemia internacional, crise de saúde pública e sanitária pelos continentes. No Brasil, somada a uma crise institucional, política, econômica, ou seja, uma crise humanitária. Verificamos que neste contexto, as desigualdades estruturais sejam elas econômicas, políticas, social ficaram mais nítidas neste cenário sendo que a população mais pobre sofreu e sofre ainda mais com esse processo. O ataque ao Estado, o desemprego, o corte de verbas para a educação, a saúde, como por exemplo o SUS deixaram uma grande parcela da sociedade mais vulnerável a crise da Covid-19. Mas 2020 também veio para questionar o sistema. O levante global contra o genocídio do povo negro tomou as ruas do mundo inteiro com a chamada "Vidas Negras Importam".
Neste sentido, vidas negras no Brasil também importam na vida política e partidária, queremos um parlamento com a marca do povo brasileiro, queremos as prefeituras e câmaras de vereadores negras/negros. E para isso, precisamos que o sistema político no Brasil seja antirracista com uma maior representação de pessoas negras na política nacional.
Me diga com quem andas Silvana Maldaner
Editora de revistastyle="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever">Desde pequena escuto falar o ditado: diga-me com quem andas que eu direi quem tu és. Todos sabemos da influência do grupo social na determinação do comportamento. Na formação da personalidade, ainda na primeira infância, o meio em que se vive é decisivo para as crenças pessoais, os medos, caráter e valores morais, carregados para o resto de sua vida. Mas do ponto de vista cultural, somos influenciados o tempo todo por meio da comunicação, educação, música, arte, religião, política e amigos.
O homem é bom por natureza e a sociedade o corrompe ou o homem é ruim por natureza e a sociedade com suas regras e leis de convivência impedem o homem de manifestar todo o seu egoísmo? Se não houvesse lei punitiva será que mais pessoas matariam? Mais pessoas roubariam? É uma dialética interessante para ser estudada, mas com certeza com opiniões muito divergentes.
Os semelhantes se atraem. Os opostos se repelem. Mas em se tratando de política o que não falta é lobo em pele de cordeiro, disfarçados para garantir apoio ou popularidade em troca do poder. Com a infinidade de candidatos, ouvimos muitos discursos vazios, slogans com frases de efeito, músicas e jingles animados, vencedores e salvadores da pátria. Tudo para transformar o candidato num produto vendável, e que convença ao maior número de pessoas.
MOTIVAÇÕES
Acho que algumas perguntas importantes devem ser feitas. Qual a motivação para entrar na política? Quais os serviços prestados à comunidade e a sua relevância para ser um representante do povo? Sabe administrar sua empresa, sua casa e suas contas? Pois se por acaso não tem a capacidade de organizar sua vida pessoal como poderá gerir o dinheiro público? Qual a ideologia do partido? Qual a cartilha a ser seguida? Pois não existe a dissociação da pessoa com os princípios fundamentais que regem o partido.
É um absurdo a quantidade de partidos permitidos no Brasil. Criam novas siglas, novas cores para simplesmente mascararem os mesmos princípios. Sinceramente acho também que não são claras as plataformas de governo, o que observamos é um monte de pessoas interessadas em garantir salário fácil e aposentadoria precoce. Se partidos comunistas se coligam com partidos liberais ou progressistas tem algo muito errado.
Desconfie daqueles que se aliam com Deus e com o Diabo. Não poderão servir a dois senhores.
Nestas eleições, deixe a paixão de lado, o fanatismo e o endeusamento, precisamos de lucidez e de bom senso na escolha dos representantes, quatro anos é muito tempo, e o estrago pode ser irreparável para futuras gerações.